Pink Floyd: Da Psicodelia ao Início do Rock Progressivo
O período entre 1965 e 1972 foi um dos mais fascinantes na história do Pink Floyd. Nesse intervalo, a banda se transformou de um grupo psicodélico experimental em uma das maiores forças do rock progressivo.
Explorando sonoridades inovadoras e abordagens artísticas ousadas, esse foi o momento em que o Pink Floyd definiu sua identidade e plantou as sementes para o sucesso monumental que viria com The Dark Side of the Moon.
As Raízes e o Início Psicodélico
A história do Pink Floyd começa em Londres, em 1965, com a união de quatro estudantes:
Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason e Syd Barrett. Inicialmente conhecidos como The Tea Set, o grupo rapidamente adotou o nome Pink Floyd, inspirado nos nomes de dois músicos de blues, Pink Anderson e Floyd Council.
No cenário fervilhante do rock psicodélico britânico, o Pink Floyd destacou-se por suas performances ao vivo no UFO Club, onde luzes caleidoscópicas e projeções acompanhavam improvisações musicais que hipnotizavam o público.
Com Syd Barrett como líder criativo, a banda lançou seu primeiro single, “Arnold Layne”, em 1967. A música, que contava a história de um homem que roubava roupas femininas de varais, chamou atenção pelo tema incomum e alcançou o Top 20 no Reino Unido.
O álbum de estreia, The Piper at the Gates of Dawn (1967), é um marco do rock psicodélico. Com faixas como “Interstellar Overdrive” e “Astronomy Domine”, o disco explorou territórios musicais inéditos, misturando letras surreais e estruturas experimentais.
Gravado nos lendários estúdios Abbey Road, o álbum foi produzido ao lado de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, o que destaca a efervescência criativa daquela época.
O Gênio e os Desafios de Syd Barrett
Syd Barrett foi a força criativa por trás do Pink Floyd no início, compondo clássicos como "See Emily Play" e "Interstellar Overdrive".
Contudo, o uso intenso de LSD influenciou sua música e personalidade, levando a episódios erráticos que acabaram culminando em sua saída. A transição foi dolorosa, mas essencial para o futuro da banda.
Durante este período, David Gilmour foi integrado ao grupo, inicialmente para apoiar Barrett no palco. Eventualmente, tornou-se um dos pilares da banda, contribuindo para redefinir seu som e direção.
A Saída de Syd Barrett e a Chegada de David Gilmour
Syd Barrett, embora brilhante, começava a sofrer com problemas de saúde mental, agravados pelo uso excessivo de LSD. Suas apresentações ao vivo tornaram-se erráticas, com momentos em que ele ficava parado no palco ou se recusava a tocar.
Em 1968, a banda tomou a difícil decisão de afastá-lo. David Gilmour, um amigo de longa data de Barrett, foi convidado a ingressar no grupo para preencher a lacuna.
Gilmour trouxe um estilo de guitarra mais melódico e refinado, além de uma abordagem mais focada em estúdio.
Barrett deixou a banda oficialmente durante a produção de A Saucerful of Secrets (1968), um disco de transição que apresenta tanto seu talento quanto a evolução da nova formação.
A faixa-título, uma suite instrumental, e “Set the Controls for the Heart of the Sun” demonstram a busca da banda por texturas sonoras mais densas e atmosféricas.
O disco marcou também o início do domínio criativo de Roger Waters, que assumiria gradualmente o papel de principal compositor.
Explorações Cinematográficas e Experimentações Sonoras
Entre 1969 e 1972, o Pink Floyd dedicou-se a projetos que expandiram sua reputação como uma banda inovadora.
Em 1969, lançaram a trilha sonora do filme More, explorando um lado mais melódico e ambiental, e o álbum duplo Ummagumma, que combina gravações ao vivo com experimentações de estúdio individuais de cada membro.
Em 1970, Atom Heart Mother apresentou a primeira grande colaboração da banda com uma orquestra, resultando em uma suite de 23 minutos que mescla rock, música clássica e efeitos eletrônicos.
Apesar de divisivo entre os fãs e críticos, o disco foi um sucesso comercial e consolidou o Pink Floyd como uma banda de álbuns, em vez de singles.
Outro marco foi Meddle (1971), amplamente considerado o precursor imediato de The Dark Side of the Moon. A faixa “Echoes”, que ocupa todo o lado B do álbum, é um exemplo do virtuosismo e da coesão do grupo.
Essa composição de 23 minutos explora temas de comunicação e conexão humana, uma prévia das preocupações filosóficas que dominariam os trabalhos futuros da banda.
Curiosidades sobre a Fase Psicodélica
Técnicas Inovadoras: Durante as gravações de The Piper at the Gates of Dawn, a banda utilizou técnicas experimentais, como gravações invertidas e sobreposições de fita, para criar efeitos psicodélicos.
Barrett e a Pintura: Syd Barrett, além de músico, era um talentoso pintor. Suas influências visuais ajudaram a moldar a estética inicial do Pink Floyd.
Origens do Nome: A escolha do nome Pink Floyd foi feita às pressas antes de uma apresentação, para evitar confusão com outra banda chamada The Tea Set.
Cânticos de Orquestra: Em Atom Heart Mother, a banda contratou Ron Geesin para criar os arranjos orquestrais. A relação entre Geesin e o Pink Floyd foi tumultuada, mas resultou em uma obra singular.
Primeira Turnê nos EUA: A primeira turnê nos Estados Unidos em 1967 foi marcada por dificuldades, incluindo problemas técnicos e o comportamento errático de Barrett.
O Caminho para o Sucesso Global
O período de 1965 a 1972 foi crucial para a formação do Pink Floyd. Essa fase de experimentação estabeleceu as bases para The Dark Side of the Moon (1973), o disco que os catapultou para o estrelato global.
Elementos como o uso inovador do estúdio, a atenção aos detalhes e as reflexões filosóficas surgiram durante esses anos formativos.
O legado dessa era vai além da música. O Pink Floyd redefiniu o que significava ser uma banda de rock, provando que era possível unir arte, tecnologia e expressão pessoal em um formato acessível e comercialmente viável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário