Caravan: “Nine Feet Underground” uma Viagem Psicodélica Progressiva
Ah, os anos 70, uma época em que a música se tornou uma manifestação de liberdade e experimentação.
Entre as muitas jóias daquele período, Caravan emergiu com seu álbum “In the Land of Grey and Pink”, trazendo consigo uma pérola escondida que se tornaria um marco no movimento progressivo: “Nine Feet Underground”.
Hoje, vamos mergulhar de cabeça nessa obra-prima musical que se desenrola ao longo de um lado inteiro de vinil.
O Início Conturbado: Críticas e Abandonos
Quando o álbum foi lançado, a recepção inicial não foi exatamente um tapete vermelho estendido. Na verdade, a crítica não estava tão animada quanto os fãs de Caravan esperavam.
O tecladista David Sinclair, insatisfeito com a reação negativa, abandonou o projeto, deixando a banda em um momento desafiador.
No entanto, a perseverança revelaria a verdadeira natureza do trabalho deles.
Uma Sinfonia Psicodélica Progressiva
“Nine Feet Underground” é mais do que uma simples música; é uma jornada épica de vinte e dois minutos dividida em oito segmentos.
Essa suíte musical é uma sinfonia psicodélica progressiva que transcende os limites do convencional.
Com solos arrebatadores de teclado e guitarra, além de uma performance vocal impecável, a faixa é um verdadeiro festim para os amantes da música progressiva.
A Reviravolta e a Conquista de Admiradores
Apesar das dificuldades iniciais, o álbum começou a ganhar admiradores ao longo do tempo.
A persistência da banda e a genialidade de sua criação acabaram conquistando não apenas o público, mas também a crítica especializada.
É fascinante observar como o tempo transformou uma obra inicialmente subestimada em um ícone cult do rock progressivo.
Reconhecimento Crítico e Popularidade
A entrada da Rolling Stone na conversa só veio para confirmar o que os fãs já sabiam: “In the Land of Grey and Pink” é verdadeiramente especial.
O álbum foi classificado como número 34 na lista dos 50 melhores álbuns de rock de todos os tempos.
A descrição de evocar “um pôr do sol na Terra Média” ressoa perfeitamente com a atmosfera única do trabalho da Caravan.
A Perspectiva dos Críticos
Dave Thompson da AllMusic descreveu o álbum como “um dos mais queridos e excêntricos de todos os tempos, considerando-o provavelmente o melhor momento de Caravan”.
E Stephen Lambe, autor de rock progressivo, vai além, afirmando que “Nine Feet Underground” é não apenas a peça arquetípica da Caravana, mas um símbolo de todo um movimento.
Essas palavras apenas sublinham a grandiosidade do álbum.
Uma Viagem Perpétua
Hoje, “Nine Feet Underground” é mais do que uma música; é uma experiência. Uma jornada musical que transcende décadas, mantendo-se relevante e cativante.
A história da banda Caravan e seu álbum “In the Land of Grey and Pink” é um lembrete de que a verdadeira grandeza muitas vezes requer paciência e resistência, características que ecoam na imortalidade de “Nine Feet Underground”.
Então, pegue seus fones de ouvido, mergulhe nessa suíte épica e deixe-se levar por uma viagem sonora que transcende o tempo.
Caravan pode ter começado na sombra, mas “Nine Feet Underground” os elevou à luz eterna do rock progressivo.
Um Pouco Mais Sobre Caravan
Caravan é uma banda inglesa de rock progressivo formada em 1968 em Canterbury, Inglaterra.
Eles são considerados um dos representantes do chamado rock de Canterbury, um estilo musical que mistura elementos de jazz, psicodelia, folk e música clássica.
A banda teve várias mudanças de formação ao longo dos anos, mas manteve um núcleo de membros originais, como Pye Hastings, Richard Sinclair, David Sinclair e Richard Coughlan.
Eles lançaram mais de uma dúzia de álbuns de estúdio, sendo o mais recente “Paradise Filter”, de 2013.
Eles também se apresentaram em diversos festivais e turnês, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.
Caravan é reconhecida como uma das bandas mais influentes e inovadoras do rock progressivo, tendo inspirado outros artistas como Genesis, Pink Floyd, Yes e King Crimson.
Os Oito Segmentos de “Nine Feet Underground”
“Nine Feet Underground” é uma suíte musical que se divide em oito segmentos, cada um com um título e uma personalidade própria. Eles são:
Nigel Blows a Tune: Uma introdução instrumental que apresenta o tema principal da música, com destaque para o órgão Hammond de David Sinclair e a flauta de Pye Hastings.
Love's a Friend: A primeira seção com letra, que fala sobre o amor e a amizade, com um tom otimista e alegre. A voz de Pye Hastings é acompanhada por um arranjo de cordas e metais.
Make It 76: Uma seção instrumental que mostra a habilidade da banda em improvisar e criar variações sobre o tema principal.
O baixo de Richard Sinclair e a bateria de Richard Coughlan conduzem a música, enquanto o órgão e a guitarra se alternam em solos virtuosos.
Dance of the Seven Paper Hankies: Uma seção instrumental que muda o ritmo e o clima da música, trazendo uma atmosfera mais sombria e misteriosa.
O órgão de David Sinclair cria um efeito de suspense, enquanto a guitarra de Pye Hastings adiciona um toque de psicodelia.
Hold Grandad by the Nose: Uma seção instrumental que retoma o ritmo e a energia da música, com uma pegada mais rock and roll.
A guitarra de Pye Hastings assume o protagonismo, com riffs e solos poderosos, enquanto o órgão de David Sinclair e o saxofone de Jimmy Hastings complementam o som.
Honest I Did!: A segunda seção com letra, que fala sobre a rebeldia e a inconformidade da juventude, com um tom sarcástico e irônico.
A voz de Richard Sinclair é acompanhada por um coro feminino e um arranjo de cordas e metais.
Disassociation: Uma seção instrumental que representa o clímax da música, com uma explosão de sons e emoções.
O órgão de David Sinclair cria uma atmosfera de tensão e drama, enquanto a guitarra de Pye Hastings e o saxofone de Jimmy Hastings se unem em um duelo musical impressionante.
100% Proof: A seção final da música, que traz uma sensação de alívio e resolução.
A voz de Pye Hastings retorna, cantando uma melodia simples e doce, enquanto o órgão de David Sinclair e o violino de Barry Robinson encerram a música com uma nota de esperança.
O Significado de “Plastic Bag”
“Plastic Bag” é o título da letra da seção “Honest I Did!”, a qual é uma das duas seções com letra do álbum.
A letra é uma sátira à sociedade consumista e materialista, que trata as pessoas como objetos descartáveis.
A expressão “plastic bag” (saco plástico) é usada como uma metáfora para a alienação e a falta de identidade das pessoas, que são manipuladas e usadas pelos poderosos.
Sua letra também faz referência à guerra do Vietnã, que estava acontecendo na época, e à repressão aos movimentos de contracultura, que contestavam o status quo.
A letra é uma crítica à hipocrisia e à injustiça do sistema, que oprime e sufoca a liberdade e a criatividade das pessoas.
A Influência de “Plastic Bag” na Cultura Popular
A letra de “Plastic Bag” teve uma influência significativa na cultura popular, sendo citada e referenciada por vários artistas e obras. Por exemplo:
O filme “American Beauty” (1999), dirigido por Sam Mendes, usa a imagem de um saco plástico voando ao vento como um símbolo da beleza e da fragilidade da vida.
O personagem Ricky Fitts, interpretado por Wes Bentley, diz que o saco plástico é “a coisa mais bonita que eu já vi”.
A banda Radiohead, uma das mais influentes do rock alternativo, usou a frase “I'm not here, this isn't happening” (Eu não estou aqui, isso não está acontecendo) como o refrão da música “How to Disappear Completely” (2000), que faz parte do álbum “Kid A”.
A frase é uma citação direta da letra de “Plastic Bag”, que diz “I'm not here, I'm somewhere else instead” (Eu não estou aqui, eu estou em outro lugar em vez disso).
O filme “Fight Club” (1999), dirigido por David Fincher, usa a frase “You are not a beautiful and unique snowflake” (Você não é um floco de neve, bonito e único) como uma das regras do clube da luta, que é uma organização secreta que promove a violência e a anarquia.
A frase é uma paródia da letra de “Plastic Bag”, que diz “You are a beautiful and unique snowflake” (Você é um floco de neve bonito e único).
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