Além do Progressivo: A História Fascinante da Jornada Musical do Rush
Se há uma banda que personifica a essência do rock progressivo, é o Rush. Fundada em 1968, em Toronto, Canadá, essa tríade musical composta por Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart deixou uma marca indelével na história do rock.
Rush é a terceira banda com mais álbuns de ouro e platina, atrás apenas dos Beatles e dos Rolling Stones.
Neste artigo, embarque comigo em uma viagem pelos intrincados labirintos musicais criados por essa lendária banda, explorando suas formações clássicas, álbuns icônicos e o impacto duradouro de seu legado.
Os Pioneiros de Toronto: Formação Clássica e Musicalidade Complexa
Ao mergulharmos nos primórdios do Rush, somos levados a uma época em que a música estava em constante evolução.
A formação clássica da banda, composta por Geddy Lee assumindo baixo, teclado e vocal, Alex Lifeson na guitarra e Neil Peart na bateria e letras, estabeleceu um padrão elevado para o que viria a ser conhecido como rock progressivo.
Geddy Lee: Mestre dos Instrumentos e Voz Única
Geddy Lee, com sua habilidade magistral em dominar múltiplos instrumentos simultaneamente, desempenhou um papel crucial na sonoridade única do Rush.
Seu estilo distintivo de tocar baixo, muitas vezes acompanhado por teclados hipnotizantes, tornou-se uma marca registrada da banda.
Além disso, sua voz inconfundível deu vida às complexas narrativas líricas, elevando as composições a um nível superior. Geddy Lee, é filho de sobreviventes do Holocausto e que seu nome verdadeiro é Gary Lee Weinrib.
Alex Lifeson: A Guitarra Versátil e a Alma Criativa
Enquanto Geddy Lee explorou as camadas mais profundas da música, Alex Lifeson trazia uma versatilidade única à guitarra.
Sua capacidade de transitar entre riffs poderosos e melodias intrincadas deu ao Rush uma sonoridade que desafiou as convenções do rock tradicional.
Lifeson, o visionário criativo por trás das paisagens sonoras da banda, contribuiu significativamente para a riqueza musical do Rush.
Alex Lifeson, foi preso em 2003 por resistir à prisão e agredir um policial em um hotel na Flórida, após uma briga com seu filho e seu genro.
Neil Peart: O Virtuosismo na Bateria e Poeta do Rock
Neil Peart, o “Professor” como era carinhosamente chamado, não era apenas um baterista extraordinário, mas também o letrista principal do Rush.
Seu domínio técnico da bateria e suas letras profundas e reflexivas elevaram a banda a patamares inexplorados.
Ao abordar temas filosóficos, literários e científicos, Peart deu ao Rush uma dimensão lírica que ressoou com uma ampla gama de ouvintes.
Neil Peart, ele foi eleito o melhor baterista de todos os tempos pela revista Rolling Stone em 2015 e que ele escreveu vários livros sobre suas viagens de moto pelo mundo.
Décadas de Glória: O Sucesso de “2112”, “Moving Pictures” e “Signals”
Os anos 70 e 80 foram épocas áureas para o Rush, marcados por uma série de álbuns que se tornaram pilares do rock progressivo.
“2112”, com sua suíte épica, “Moving Pictures”, que capturou a imaginação com clássicos como “Tom Sawyer” e “YYZ”, e “Signals”, que explorou novas fronteiras sonoras, são testamentos da maestria musical da banda.
“Moving Pictures” foi gravado no Le Studio, um estúdio famoso no Canadá, que também foi usado por bandas como Pink Floyd, David Bowie e The Police.
O álbum “2112” foi inspirado na obra “Anthem”, de Ayn Rand, uma escritora que defendia o individualismo e o capitalismo. Já “Signals”, foi o álbum que marcou uma mudança no estilo musical do Rush, com mais influência da música eletrônica e do reggae.
Performances ao Vivo: Reproduzindo a Magia em Palco
Uma característica distintiva do Rush era a habilidade de recriar ao vivo as complexas composições de estúdio.
Cada membro da banda contribui para uma sinfonia de sons que transcende as expectativas dos fãs.
As apresentações ao vivo eram verdadeiros espetáculos, onde a perícia técnica encontrava a paixão pela música, criando momentos inesquecíveis para todos os presentes.
O Rush foi conhecido por usar vários objetos cênicos, como máquinas de lavar, frangos infláveis e anões vestidos de duendes.
Temas e Principais Músicas
O Rush é uma banda de rock progressivo que se destacou por suas letras complexas e filosóficas, que abordam temas como individualismo, liberdade, ciência, fantasia e mitologia.
As músicas mais famosas do Rush variam conforme a preferência dos fãs, mas algumas das mais aclamadas são:
Tom Sawyer: Uma canção sobre o espírito rebelde da era moderna, inspirada no personagem literário de Mark Twain e em um poema do canadense Pye Dubois.
The Spirit of Radio: Uma crítica às rádios comerciais que comprometem a integridade da música em troca de prêmios e lucros.
2112: Uma suíte épica dividida em sete partes, que conta a história de um homem que descobre uma guitarra em um mundo distópico dominado por uma seita religiosa que proíbe qualquer forma de arte. A obra foi influenciada pelo livro Anthem, de Ayn Rand.
Xanadu: Uma adaptação do poema Kubla Khan, de Samuel Taylor Coleridge, que descreve uma terra mística e paradisíaca, onde o narrador busca a imortalidade.
Limelight: Uma reflexão sobre a fama e o isolamento, escrita pelo baterista e letrista Neil Peart, que se sentia desconfortável com a exposição pública e a falta de privacidade.
Essas são apenas algumas das músicas mais famosas do Rush, mas existem muitas outras que valem a pena ser ouvidas.
O Legado Imortal e o Adeus Necessário
Infelizmente, toda boa história tem seu capítulo final. Após a turnê de 2015, o Rush anunciou um hiato, deixando os fãs ávidos por mais.
O golpe mais doloroso, no entanto, foi a perda do grande Neil Peart em 2020. Seu impacto na música e na cultura popular é inegável, e sua ausência deixou um vazio que nunca será preenchido.
Lembrar de Neil Peart é lembrar de grandes letras, como:
“I will choose a path that's clear / I will choose freewill” em português “Escolherei um caminho que seja claro / Escolherei o livre arbítrio” ou “We are only immortal / For a limited time” em português “Somos apenas imortais / Por um tempo limitado”.
O Legado: Influenciando Gerações de Músicos
O legado do Rush transcende gerações. Músicos contemporâneos e aspirantes ainda encontram inspiração nas complexidades musicais e líricas deixadas por essa trindade do rock.
A influência do Rush pode ser ouvida em uma ampla variedade de estilos, desde o metal progressivo até bandas indie modernas, demonstrando a atemporalidade de sua música.
Eles foram influenciados por várias bandas de rock, especialmente as do gênero progressivo, como Yes, Genesis, King Crimson e Pink Floyd.
Eles também admiravam bandas de hard rock como Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Além disso, eles incorporaram elementos de outros estilos musicais, como blues, reggae, jazz e música clássica.
O Rush, por sua vez, influenciou muitas bandas e artistas de diferentes gêneros, como metal, rock alternativo, indie e pop.
Alguns exemplos são Metallica, Dream Theater, Foo Fighters, Primus, Smashing Pumpkins, Radiohead, Muse e Coldplay. Eles são considerados uma das bandas mais importantes e influentes da história do rock.
Geddy Lee e Alex Lifeson Atualmente
Eles estão envolvidos em diferentes projetos musicais e pessoais.
Geddy Lee: O baixista e vocalista do Rush lançou em 2018 um livro chamado Geddy Lee's Big Beautiful Book of Bass, que é uma homenagem aos seus instrumentos favoritos.
Ele também participou de alguns shows e gravações de outros artistas, como The Claypool Lennon Delirium, Jann Arden e Steven Wilson.
Em 2020, ele recebeu a Ordem do Canadá, a maior honraria civil do país, por sua contribuição à música e à caridade.
Alex Lifeson: O guitarrista do Rush anunciou em 2021 que está trabalhando em um novo projeto chamado Envy of None, que é uma banda de rock alternativo com influências eletrônicas.
Ele também lançou duas músicas instrumentais solo, chamadas “Kabul Blues” e “Spy House”. Além disso, ele continua a apoiar diversas causas sociais e ambientais, como a Grapes for Humanity, uma organização que ajuda vítimas de desastres naturais.
Em conclusão, o Rush não é apenas uma banda de rock progressivo; é uma jornada musical que continua a ressoar nos corações e mentes dos amantes da música em todo o mundo.
Seja explorando as composições magistrais dos anos 70 ou vibrando com os acordes progressivos dos anos 80, a jornada pelo legado do Rush é uma experiência que transcende o tempo.
Mesmo em seu adeus, a trilha sonora que criaram ecoará eternamente, inspirando novas gerações a se aventurarem nos labirintos complexos e envolventes do rock progressivo.
O Rush pode ter encerrado sua última turnê, mas sua música permanece viva, uma eterna ode ao poder transformador da arte.
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